a moça da casa rosa

um dia ela ainda será alguém e esse jeito meio descritivo e intelectual ainda vai ser muito respeitado. existem pessoas que precisam disso. no caso dela eu sinto que é uma tentativa de achar seu lado humano. o que sente o que o outro sente. mas ainda falta tanto...

sua vida confortável cegou-a para as verdadeiras mazelas da vida. ela de fato não está muito interessada nisso. as mazelas... sua humanidade está nos livros, nas poesias que ela lê. o que a emociona é a palavra. não o gesto. do alto da torre de seu castelo, ela sonha um dia em encontrar um plebeu. mas este tem que aceitar entrar no castelo e viver sob suas regras. a casa deve estar limpa e asseada, as contas sempre pagas, e ele a tocar seu instrumento enquanto ela experimenta fazer uma canção. um sarau por semana, cercados de amigos poetas.

enquanto ela tentar fugir disso, vai sempre se afastar daquilo que a faz sorrir. a vida simples que ela pensa que quer, não é bem essa que ela saberia viver. por isso anda sozinha por aí. vestida de vermelho, conhecendo, errando, conhecendo de novo. mas só. porque não consegue olhar nos olhos. não consegue ver a alma. não estende a mão. assim, não ri.